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Conheça mais sobre São Benedito

São Benedito
A família de Benedito foi levada da Etiópia, África, para a Sicília, Itália, como escravos. O pai foi vendido a um rico fazendeiro. Como todo escravo, adotou sobrenome de seu senhor, Vicente Manassari. Ficou Cristóvão Manassari. A mãe de São Benedito era uma escrava alforriada que pertencera à Casa de Larcan - ou Lanza que é uma variante de Larcan. Chamava-se Diana de Larcan. O casal, Cristóvão e Diana, era muito fiel à igreja. Os dois viviam para o trabalho e para Deus. Pela sua honestidade, Cristóvão foi nomeado chefe dos trabalhadores da Casa Manassari. Com licença do patrão socorria os pobres que ali buscavam socorro para sua miséria. Até que um dia, invejosos foram até o patrão e caluniaram o bom e honesto Cristóvão. O bom homem foi, injustamente, deposto de seu cargo. A justiça divina não se fez esperar. O patrão descobriu que as esmolas oferecidas aos pobres por Cristóvão, em vez de diminuírem, só faziam seus bens aumentarem. Chamou-o de volta ao cargo e lhe deu mais poderes do que antes. Deus sempre é fiel aos que vivem a verdade e praticam a justiça.
Logo após o casamento, Cristóvão e Diana resolveram que não teriam filhos escravos. O patrão Manassari lhes prometeu dar liberdade a todos os filhos que eles porventura tivessem. No ano de 1524 ou 1526 para alguns, nasceu o primogênito do casal Cristóvão e Diana e que, ao ser batizado recebeu o nome de Benedito, que quer dizer abençoado. Outros filhos vieram: um menino que recebeu o nome de Marcos e duas meninas chamadas Baldassa e Fradella. Uma sobrinha de Benedito também seguiu a ordem religiosa e recebeu hábito das mãos do seu tio, que na época já era religioso consagrado. O pequeno Benedito cresceu ouvindo os pais falarem de Deus, da Eucaristia, e de Maria. Frequentava a igreja sempre acompanhado pelos pais piedosos e exemplos de vida cristã.
A vida de santidade do casal Cristóvão e Diana teve grande influência na vida de São Benedito. O menino era levado a igreja, sempre pelas mãos do pai. No joelho da mãe, aprendeu a rezar e as primeiras noções de Catecismo. Benedito teve mais três irmãos. Um menino chamado Marcos e duas meninas: Baldassara e Fradella. Fradella se casou e teve uma filha que escolheu viver na Ordem de São Francisco. Seu nome de batismo era Violante. E o de freira, escolheu o nome do tio: Sóror Benedita. Morreu com fama de santidade. Mas nem tudo eram flores na vida de São Benedito. Marcos, que como negro e pobre também viveu uma vida de discriminação e de dificuldades, não teve a mesma grandeza de Benedito, diante delas. E acabou preso como assassino. Os historiadores se calam quanto aos motivos que levaram Marcos a esse gesto. E calados ficam quanto ao procedimento de Benedito diante dos fatos. Só dizem que ele pediu que a justiça fosse feita. A humana e divina. O sofrimento de Benedito e de sua família deve ter contríbuido para a santificação deles e a salvação de Marcos. E talvez explique a solicitude de São Benedito em escutar os pedidos de mães que tem os filhos presos. São Benedito, rogai por elas!
Benedito viveu sua infância e juventude com os meninos e jovens pobres de sua época. E como muitos meninos e jovens de hoje: longe da escola e perto das ovelhas e arados. Como pastor, o pequeno Benedito ficava o dia todo fora de casa, e junto ao rebanho de Cristóvão Manassari, o patrão de seu pai. Era a oportunidade para ele ficar em contínuo contato com Deus, através da oração. Sua voz se misturava aos balidos das ovelhas. Quando jovem, Benedito trocou as ovelhas pelo arado. Lavrando a terra, jão não ficava sozinho. Os campanheiros da lavoura não eram tão companheiros assim. Levados pelo eterno preconceito racial, insultavam o moço humilde que, calado, oferecia a Deus o sacrifício das ofensas. Um dia, entre os insultos dos preconceituosos, uma voz enérgica se fez ouvir: - Há! Hoje zombais deste pobre negro. Mas, logo, vereis a sua fama correr no mundo. Era Frei Jerônimo Lanza, um eremita. Voltando-se para o patrão de São Benedito disselhe: Eu vos recomendo muito este moço porque logo virá ele em minha companhia e há de tornar-se um santo religioso. E a profecia de Frei Jerônimo se cumpriu. Benedito tornou-se um dos irmãos eremitas de São Francisco.
Frei Jerônimo, que defendera Benedito de seus maus companheiros na lavoura, e profetizara sua fama pelo mundo todo, voltou a se encontrar com o jovem. Ao vê-lo arando a terra, olhou-o bem no fundo de seus olhos e disse-lhe: - Benedito, Deus espera por ti. Vai, vende esses bois, o arado, e vem comigo. O santo não esperou mais. Correu para a casa conversou com seus pais e, com a bênção sofrida de Cristóvão e Diana, seguiu Jesus. Antes porém, vendeu os bois e o arado, entregando parte do dinheiro para sua família e parte para os pobres, conforme o conselho do Evangelho. Ao chegar no eremitério com Frei Jerônimo, foi gande a alegria dos eremitas de São Francisco. Mas a alegria de Benedito foi maior. Ali ele poderia se entregar, sem reservas, à oração e à penitência, sem a zombaria dos que não entendem, nem respeitam os que escolhem viver em íntima união com Deus. No eremitério, Benedito passou a viver radicalmente, a vida que Frei Jerônimo prescrevera para aqueles que quisessem seguir Cristo na Regra Seráfica de São Francisco. Depois de cinco anos Benedito fez sua profissão ência, castidade e vida quaresmal, isto é, vida de penitência contínua. Benedito estava, para sempre, consagrado a Deus.
Na vida dos eremitas de São Francisco, os frades viviam uma vida de heróica penitência. Mas Benedito queria mais do que estava prescrito. Seu grande desejo era assemelhar-se, cada vez mais a Jesus Crucificado. Pos isso comia muito pouco, dormia algumas horas somente, no chão duro, e vestia-se pobremente. Além disso, costumava se flagelar, às sextas-feira, trazendo o corpo em feridas, constantemente abertas. A fama de santidade de Benedito começou logo a atrair o povo para o eremitério. Todos queriam ouvir uma palavra do santo, beijar-lhe as mãos, tocar a túnica de um marrom desbotado. Aos poucos, Frei Jerônimo foi vendo que a popularidade de Benedito embora fosse um valor para a fé do povo estava quebrando o silêncio e recolhimento do Claustro. Po isso resolveu levar os seus frades para um lugar solitário, nas montanhas. Esse local se chamava Mancusa e ficava a quinze quilômetros de Palermo. Em Mancusa havia muitas grutas. Algumas eram habitadas por animais ferozes. Muitas vezes lobos vinham até a gruta dos frades e comiam na mão de Benedito que, como São Francisco, os chamava de irmãos lobos. A tranquilidade dos monges durou pouco. A fé no santo negro e o sofrimento do povo pobre foram maiores que o medo das feras. O povo invadiu Mancusa. Novo êxodo se fez necessário. Dessa vez mais doloroso...
Quando o povo invadiu o Mosteiro de Mancusa, atrás de Benedito, Frei Jerônimo resolveu sair com sua comunidade em busca da solidão perdida. Encontrou-a no Monte São Peregrino, que ficava a três milhas distante de Palermo. Da vida levada por Benedito nesse Mosteiro, pouco sabemos. Mas, um fato, ali ocorrido, foi decisivo na vida do santo. Rodeado por sua comunidade, Frei Jerônimo entregou sua alma a Deus. A ordem religiosa, fundada por Frei Jerônimo, ainda não fora reconhecida pela Santa Sé. Com isso, alguns eremitas resolveram levar a Roma uma nova proposta de constituição, na qual o voto de vida quaresmal, que era muito custoso para alguns, foi suprimido. Diante da nova proposta, o Papa Pio IV sentiu a necessidade de, em vez de fundar uma nova ordem franciscana, unificar as já existentes. E ordenou que os Eremitas do Frei Jerônimo procurassem o convento de umas das ordens que, de diferentes modos seguiam São Francisco. Com o coração encolhido pela dor, Benedito fez sua trouxinha e desceu o monte São Pelegrino, em busca de um novo sistema de vida Fanciscana. Na Catedral Metropolitana de Palermo, o santo entrou e se dirigiu para o altar de sua Madona. E rezou contrito: - Ó minha mãe, dai-me a graça de conhecer a vontade de Deus a meu respeito. Hei de segui-la, custe-me o que custar... A resposta da Virgem veio como um raio de luz: - Meu filho, a vontade de meu Filho é que você procure a Ordem dos Frades Menores Reformados. O Santo agradeceu a inspiração que teve, através da Madona, saiu da Catedral e foi direto, para o mosteiro dos franciscanos menores, conhecido como convento de Santa Maria de Jesus, na Sicília. Foi recebido pelo guardião com muita festa. Afinal, a fama do eremita negro correra por toda redondeza de Palermo.
Benedito se sentia muito feliz no convento de Santa Maria de Jesus, mas o voto de obediência o levou para longe dali. Foi transferido para o Convento de Sant´Ana de Giuliana, onde ficou três anos. Sempre levado pela obediência aos superiores, voltou para o Convento de Santa Maria de Jesus. Ali permaneceu até a Morte. O primeiro trabalho que Benedito recebeu do superior foi o de cozinheiro. E sua cozinha se transformou num santuário de oração. Seguindo as prescrições da Ordem, os frades se reuniam, de tempo em tempo, para tomarem importantes decisões. A essas reuniões se dão, até hoje, o nome de Capítulo. Estavam os frades reunidos em Capítulo, quando Benedito e seus auxíliares perceberam que ia faltar comida para tantos frades. E que o rigor do inverno não permitiram que saíssem do convento, esmolando. O que faz Benedito? Chamou seus auxiliares e, como nas bodas de caná, ordenoulhes: - Encham de água as vasilhas. - Água? Precisamos de alimento e não de água... - Vamos - diz o santo - Encham as talhas com água e tampe-as com pedaço de tábua. Os frades obedeceram. Benedito se recolheu em oração. Reza a noite toda. Na manhã seguinte, chama seus companheiros e, juntos vão destampar as talhas. - Milagre gritam os frades. Peixes graúdos nadavam nas vasilhas, abençoadas por Benedito. Outros milagres ali aconteceram: carnes milagrosamente preparadas; transporte suave de toras pesadíssimas. Até que um dia, os anjos descem para ajudar o Santo Cozinheiro.
O convento de Santa Maria de Jesus era um recanto silencioso e muito apropriado para retiros e recolhimentos. Era o lugar preferido de Dom Diogo D´Abedo, arcebispo de Palermo, para seus retiros espirituais. Como Dom Diogo sabia que os frades viviam em extrema pobreza, ele costumava levar os mantimentos para suas refeições, que Benedito preparava como todo carinho. Uma dessas visitas foi feita durante as festas de Natal. Durante a Missa do Galo, Benedito emocionado foi receber a sagrada comunhão. Voltando para o seu lugar, o lado do altar-mor, pôs-se a rezar, diante de um belíssimo quadro do Menino Jesus. Como Jesus no coração e os olhos fixos no Menino Deus, Benedito sente-se presépio. Cai em êxtase e permanece até quase meio-dia, hora do almoço festivo de natal. Pouco antes do meio-dia o superior da casa foi até a cozinha para conferir se tudo estava conforme a importância do hóspede. Ficou assustado com o que viu. - Santo Deus! Quase meio dia e o fogo ainda está apagado! Por onde andará Benedito? Os irmãos foram chamados às pressas. Notificados, saíram cada um para um lado, à procura de Benedito. Na cela, onde o frade rezador dormia... Na despensa, ninguém... Na horta, nem viva alma. Depois de muita procura, alguém se lembrou da capela. Só podia esta lá. E estava. - Benedito, rezar tem hora! Esqueceste que temos visita para o almoço? Como ficaremos diante de Dom Diogo?... - Meus Deus, o almoço de Dom Diogo! Ai de mim se Deus não me ajudar... - Pensas que Deus é seu criado? - Não. Deus não é meu criado. Mas é meu Pai e sei que não vai me faltar. Tu preparas a mesa que faremos o resto... - Faremos? Tu e quem mais?... Benedito não teve tempo para responder. Saiu correndo em direção da cozinha. Os frades curiosos, vão espiar pela fechadura. O que vêem? Dois anjos e Benedito, dando os últimos retoques em apetitosas travessas. Naquele dia Dom Diogo pôde se fartar de manjares celestiais...
Em 1578 os franciscanos se reuniram em Capítulo Provincial em Palermo. Entre muitas decisões capitulares, estava a de uma observância mais rigorosa da regra franciscana. Os frades-padres e irmãos do Convento de Santa Maria de Jesus - meditando sobre as decisões do capítulo resolveram eleger um superior mais cumpridor dos deveres franciscanos. Sou um humilde cozinheiro, analfabeto. Como poderei dirigir e governar sacerdotes, sábios doutores? Se eles foram sábios na ecolha, não serei eu a contradize-los. Sua eleição é um fato inédito na história dos franciscanos e nas demais ordem religiosas. Mas a voz do povo é vóz de Deus. Se você foi escolhido, em nome da Santa Maria de Jesus. Durante três anos, Benedito governou o convento dando edificantes exemplos de penitência, trabalho e oração. E sobretudo, de observância dos votos religiosos. Mesmo como superior, ia à cozinha lavar pratos. Varria a casa, carregava lenha, trabalhava na horta. Benedito demonstrava grande respeito pelos sacerdotes que lhes eram subordinados. Mas quando precisava chamava-lhes a atenção, fazia-o com maior caridade. E suas observações eram acatadas pela comunidade toda. Depois de superior do convento, Benedito, que não sabia ler, mas sabia desvendar os mistérios de Deus como poucos, foi escolhido para mestre dos noviços e até vigário. Deus exalta os humildes.
Virtudes teologais são aquelas que praticamos quando nos relacionamos diretamente com Deus. As virtudes teologais são três: Fé, Esperança e Caridade. Benedito tinha uma fé muito grande em Deus. Estava sempre dizendo para os que o procuravam: - A fé nos guia, ilumina, purifica, salva e cura. Onde falta fé, falta tudo, absolutamente tudo. A esperança sustentou Benedito. Porque confiava em Deus, viveu uma vida de abandono, inteiramente entregue à vontade divina. Dizia frequentemente para seus irmãos de hábito: - Tenho esperença de me salvar, não pelos meus merecimentos, mas pela misericórdia de Deus e pela santíssima Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. A caridade ou amor que Benedito teve para com Deus, presente no Santíssimo Sacramento e nos irmãos, sobretudo nos pobres, foi o segredo da santidade desse frade. Nenhuma ocupação o distraía. Nos trabalhos, nos recreios, em qualquer lugar, seu coração era uma fornalha de Amor a Deus Pai, a Jesus na Eucaristia, à Virgem Maria, ao fundador de sua ordem, São Francisco de Assis, e à Santa Úrsula, por quem tinha especial devoção. Esse amor devotado de Benedito erão tão grande que fazia ficar em êxtase, por horas a fio, quando rezava. Uma das testemunhas do Processo Apostólico de Canonização de São Benedito, padre Michaele de Girgente, afirmou: - Vi, muitas vezes, os olhos de Frei Benedito resplandecerem enquanto orava diante do sacrário, ou diante de uma imagem da Mãe de Deus. Benedito nutria uma abrasada caridade para com o próximo, especialmente com os pobres. Frequentemente visitava os encarcerados e doentes. Aos doentes recomendava: - Tenha fé, meu filho. Tenha fé e confiança em Nossa Senhora. Ela há de pedir a seu Filho por você. Nosso Senhor vai ouvir os nossos pedidos. E Jesus escutava.
A Divina Providência permitiu que, através de fatos miraculosos, São Benedito fosse glorificado pela sua vida humilde e santa. “Bem-aventurados os humildes porque serão exaltados”. Um dia levaram à frente de Benedito um jovem chamado André Stagueta. O rapaz estava com o pescoço coberto de tumores. Benedito, diante dos insistentes pedidos do rapaz, respondeu: - Eu não posso curar ninguém. Mas vamos rezar diante do Santíssimo Sacramento e da Virgem Maria, Mãe deDeus. Benedito, André e familiares se ajoelharam e rezaram. André conseguiu ficar completamente curado. Francesca Fitália sofria de câncer no seio. Benedito teve muita pena ao ver o sofrimento daquela mulher. Rezou com ela, diante do sacrário, e pediu que voltasse tranquila para casa. Francesca chegou curada, junto de sua família... Muitos outros milagres Benedito os fez em favor de mães em trabalho de parto. E muitas vezes não só salvava mãe e filho, como chegava a predizer o futuro da criança. Aquela criança, que a imagem de São Benedito traz nos braços, muita gente pensa que se trata do menino Deus... Estão enganado. Aquela criança foi uma das muitas beneficiadas pela força interior de Benedito em mover a vontade divina. Dona Eleonora e seu filhinho estavam sendo conduzidos por um carro, puxado por cavalos. Nas proximidades do muro do convento, onde vivia Benedito, o carro tombou sobre a mãe e a criança. Quando conseguiram tirar o carro de cima das duas, a criança estava morta... Benedito, atraído pelos gritos da mãe desesperada, correu para ver o que poderia fazer por quem pedia, aflita, a ajuda de Deus. Vendo a criança inerte nos braços da mãe, pegou-a, afastou-se em silêncio, rezando. Pouco depois voltou, trazendo a criança chorando. - Dona Eleonora, pode amamentar o seu filho. Ele voltou para a vida, com fome.
Os membros de uma ordem religiosa ao fazer em sua entrega total a Deus e aos irmãos, através de uma consagração, emitem três votos: Obediência, Pobreza, Castidade. Benedito, ao se fazer Franciscano, prometeu, diante de seu superior, ser obediente, pobre e casto por toda vida. E foi fielmente. Frei Benedito jamais contrariou o voto de obediência igreja e aos superiores. Se deles recebia alguma ordem, executava prontamente e com muita alegria, mesmo que isso lhe custasse. Às vezes os confrades, só para verem a pressa com que Benedito atendia ao toque de sino da comunidade, faziam-no soar fora de hora. Benedito chegava ofegante e diante da gargalhada dos companheiros, retrucava: - Apenas obedeci e basta-me. A Ordem Franciscana é rigorosa e austera na observância do voto de Pobreza. Benedito foi modelo dessa vistude para seus confrades e para os noviços. A cela onde dormia era desprovida de tudo e ele a chamava de “meu palácio”. Aos que desperdiçavam alimento na cozinha Benedito repreendia. - Vocês estão esbanjando o sangue dos pobres. Benedito foi um homem casto, mostrando-se, continuamente, modesto e recolhido. Uma mulher que se insinuava para ele, enquanto o chamava de santo, deixava Benedito muito constrangido. Um dia passando pela feira encontrou-a vendendo ovos. Em vez de anunciar o seu produto, começou a gritar: - Frei Benedito, meu santo, meu querido santo! Benedito não pensou duas vezes. Aproximou-se da moça da banca da mulher e virou-a, esparramando ovos quebrados por todo lado e de outros desaforos. Pois xingatório agradou muito mais a Benedito que os elogios interesseiros. Quando Benedito foi proclamado Beato pela Igreja, em1623, a cidade de Palermo o escolheu para seu Padroeiro, chamando-o de Templo Virgindade e do Espírito Santo.
A vida de penitência e jejuns que levou, nos quarenta e quatro anos passados em conventos, foi, aos poucos, tornando-o cada vez mais frágil. Afinal, passou a vida toda reservando para si pouco tempo para descanço e muito para o trabalho. No começo do ano de 1589, o médico do convento, Doutor Domênico Rubiano, foi chamado para atender a Benedito. Este médico, que muitas vezes pedira a Deus a honra de poder assistir à morte do santo, ficou triste e preocupado ao constatar que o caso era grave. Benedito vendo a preocupação do amigo médico, quis tranquilizá-lo: - Não se preocupe Doutor Domênico. Ainda não será desta vez que Deus vira me buscar. De fato, poucos dias depois, O Santo Mouro, como era chamado, já estava desempenhando suas tarefas de religioso conventual. A recaída não tardou. Depois de um mês de sofrimento, Benedito pediu os últimos sacramentos. Recebeu-os com extrema piedade. Pediu perdão aos confrades que rodeavam a sua cama. Um dos frades, vendo-o imóvel, quis colocar a vela mortuária em suas mãos. O santo ainda brincou: - Ainda não chegou a minha hora. Quando a irmã morte estiver aqui, eu lhe aviso... Pouco depois seus rosto se transfigurou e pediu: - Providenciem cadeiras para Santa Úrsula e suas virgens companheiras. - Mas não estamos vendo ninguém. Como resposta, um suave perfume invadiu todas as dependências do convento. Meu irmão, pode acender a vela. Chegou minha hora. Como a vela mortuária em uma das mãos e a outra sobre o peito, exclamou: - Jesus, Jesus! Doce Maria, minha mãe! Meu Pai, São Francisco... Com o rosto iluminado, entregou a sua alma ao Criador. Era 4 de Abril de 1589, Terça feira de Páscoa.
Os frades do Convento de Santa Maria de Jesus, entre lágrimas, começaram a preparar velório e enterro do confrade morto. Prevendo que a santidade de Benedito logo seria reconhecida pela Igreja, os frades tiveram o cuidado de fazer um hábito novo, cortar-lhe o cabelo e guadar tudo para as futuras relíquias. O superior estava preocupado com uma possível invasão no convento pelos devotos, embora, antes de morrer, Benedito o tenha tranquilizado: - Não se preocupe. No dia da minha morte, poucos ficarão sabendo dela. Mas é preciso sepultar-me logo, antes que chegue a multidão. Tudo aconteceu conforme o santo prévia. No dia da morte de Benedito, uma festa dedicada ao Espírito Santo estava acontecendo nos arredores de Palermo. Por isso, quase todos os moradores da cidade estavam ausentes. Ao voltarem, tomaram conhecimento da morte do Santo e correram para o convento. Mas os restos mortais do frade já estavam sepultados. Foi dificil para os frades conter o povo que queria ver o santo. Mesmo diante a afirmação do superior, que Benedito já estava enterrado, ninguém arredava o pé pedindo: - Queremos relíquia! Queremos relíquia! Os frades fizeram em pedaços algumas vestes de Benedito. Mas era impossível contemplar a todos. Durante muito tempo as romarias ao túmulo de Benedito não cessavam. E sua fama de santidade se espalhou pela Europa. Por isso, em maio de 1592, o Cardeal Mateus, patrono dos frades de São Francisco, ordenou que os restos mortais de Benedito fossem retirados do túmulo comum dos frades e colocados na capela do convento. Ao abrirem o túmulo, que surpresa! O corpo de Benedito, morto há três anos, não sofrera nenhuma decomposição. E um suave perfume inundava todo o convento.
A Igreja Católica declarou Benedito “Santo” após um longo processo canônico, que durou mais de duzentos anos. O povo, porém antecipou-se e, muito antes, prestou-lhe as honrarias de santidade. Em 1763, o Papa Clemente XIII beatificou o humilde franciscano e grandes festas foram realizadas em louvor ao santo negro, em muitos países do mundo, inclusive no Brasil. Em 25 de maio de 1807, o Papa Pio VII elevou Benedito à suprema honra de altares. Estava canonizado São Benedito. E instuído o dia 04 de abril como seu dia, no calendário litúrgico. Era a resposta aos anseios do povo, que tinha no Beato frade negro um poderoso intecessor junto a Deus, em favor dos necessitados, sobretudo dos mais pobres. No Brasil, como na Europa, São Benedito começou a ser cultuado antes mesmo de sua beatificação. Em 1686 celebrou-se grandiosa festa em louvor ao “santo” que ainda não era Santo, na Catedral de Salvador, com a criação de sua Irmandade. Maranhão também se antecipou nas homenagens aquele que ainda não era oficialmente canonizado pela Igreja. O povo de Aparecida festejou São Benedito, no início, pegando carona na festa de Guaratinguetá. Anualmente, na segunda-feira de Páscoa, as residências aparecidenses ficavam vazias. Até as casas comerciais fechavam suas portas. Todos iam para a cidade vizinha festejar o Santo Negro. Ficavam lá o dia inteiro. Participavam da missa solene, da mesa de doce, da cavalaria e , à noite, da procissão. Depois dos fogos voltavam para casa. Uns a cavalo, outras, a pé. Em 1910, os redentoristas alemães, sensíveias a essa devoção do povo que aprenderam a amar, instituiram a Festa de São Benedito em Aparecida. A primeira aconteceu em 29 de Março, numa terça-feira de Páscoa, depois da festa de Guaratinguetá em seguida o Missionário Redentorista, Padre Lisboa, resolveu construir uma igrejinha para São Benedito. Com a colaboração de um grupo de devotos, a igrejinha foi construída e solenemente benzida no dia 25 de maio de 1919. No ano seguinte, em 05 de Abril de 1920, acontecia a primeira Festa de São Benedito em sua própria casa. A poética capelinha de São Benedito emerge na Praça Dr. Benedito Meireles como uma menina sempre em trajes de festa, no meio de uma ciranda de casas e prédios a olharem para ela, eternecidos, à espera dos mais belos versos. Seu estilo é um misto de barroco e de neoclássico. Suas paredes guardam uma história que nos orgulha e nos comove. Cabe-nos preservá-la.
De todos os milagres e graças atribuídos à São Benedito um se destaca pela beleza e pelo significado, hoje. Na revolução de 1820, as tropas dos Borbons passaram por Santa Ágata e daí enviaram uma mensagem aos habitantes de São Fratelo, pedindo pão para os soldados que estavam passando fome. Os carbonários, força revolucionária inimiga, responderam, de maneira ofensiva, que não mandariam ajuda nenhuma. Diante dessa resposta, os soldados, liderados pelo General Pepe, resolveram atacar a cidade de São Fratelo. Ao se aproximarem da ponte que fazia limite entre as duas cidades, encontraram um frade negro, com uma bandeira de paz. O exército parou e ouviu as súplicas do frade: - Paz, meus amigos. O povo de São Fratelo não tem culpa do que fizeram os carbonários. Eles estão em festa, celebrando um filho seu, que consideram santo e nada sabem dos pedidos que vocês fizeram. Apesar dos rogos do frade, os soldados marcharam contra São Fratelo. Ao entrarem na cidade, toparam com uma procissão. E, num rico andor, a imagem de um frade negro, o mesmo que encontraram pedindo paz. - É ele, é ele, gritavam os soldados. O general quis saber se na cidade existia outra frade negro. - O único frade negro que tivemos foi Benedito. Era um santo e por isso está recebendo as homenagens de seus devotos. O exército dos Bordons depôs suas armas e muitos soldados se incorporaram à processão, dando vivas ao frade negro, promotor da paz. - “Oh, glorioso São Benedito, intercedei junto ao Pai para que se estabeleça, no Brasil, a paz e que é fruto da justiça. Que o exército de ambiciosos, sempre querendo mais, deponha as armas da ganância, em favor dos necessitados, cada dia mais pobres, doentes, sem escola, sem casa e sem emprego, AMÉM”