O Jejum
Caros irmãos e irmãs, a Quaresma como tempo de preparação para a Páscoa do Senhor é favorável para nos dedicarmos à reflexão e analisarmos, de maneira sincera e profunda, como estamos vivendo em família, em comunidade, no trabalho, no estudo e no lazer. A Quaresma é um retiro, um caminho espiritual de conversão ao Senhor. Especialmente neste ano, o Papa Francisco nos convida a “caminhar juntos na esperança”, com Jesus, que conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, fez a experiência do jejum.
O Tempo da Quaresma só tem sentido quando entendido e vivido em relação ao Tríduo Pascal, passagem da Morte à Ressurreição de Cristo. Por isso, os temas deste período são voltados aobatismo e à penitência. No capítulo 6 do Evangelho de São Mateus, Jesus ensina sobre a caridade, a oração e o jejum, que são para nós, um resumo do processo de mudança de vida. Ao longo desta 1ª Procissão Penitencial, meditaremos sobre a prática quaresmal do jejum que é uma forma de penitência que inclui a abstinência e o sacrifício. Iniciemos, cantando:
O QUE É O JEJUM?
O jejum e a abstinência são práticas que nos ajudam a preparar melhor nosso coração para tomarmos consciência das bênçãos que o Senhor nos dá. O jejum ou qualquer outro tipo de penitência, correspondem ao nosso esforço sincero de disciplinar nossos instintos e frear nossas paixões, para não nos desviarmos do caminho de Deus. O jejum penitencial não é uma dieta que vise a perda de peso ou o bem-estar físico, mas sim uma prática espiritual, uma maneira de esvaziar-nos de nós mesmos para encher-nos de Deus.
Jejuar não é apenas deixar de comer, passar fome ou castigar o corpo e provocar um sofrimento a nós mesmos. Jejuar é um ato de fé e um exercício de liberdade. O jejum é uma postura que assumimos diante dos bens criados. Na abstinência de comida ou de bebida, devemos procurar o autodomínio em relação ao alimento e, por consequência, às demais coisas que podem nos escravizar, seja o apego aos bens materiais, às pessoas ou à uma ideologia. Assim o jejum não está relacionado apenas à comida, mas também aos pensamentos, aos olhares, ao ouvir, ao falar e ao agir.
O QUE O JEJUM NOS ENSINA?
Jejuamos para nos aproximarmos cada vez mais de Deus. Esta é a razão principal do Jejum. Por trás dos pecados que nos dominam, dos fracassos pessoais, dos muitos males que afetam a Igreja e obstruem os canais da bênção de Deus, se encontra o orgulho no nosso coração. O jejum, por sua vez, é educativo, porque quebra esse orgulho, disciplina o corpo e fortalece a alma. Jejuar ajuda a vencer batalhas espirituais, pois por meio dele é possível nos ligarmos mais intimamente a Deus.
O jejum, a oração e a caridade caminham juntos. Essas práticas nos ajudam a nos concentrarmos na vida espiritual. Elas nos permitem regrar nossas vontades para que direcionemos nossas energias mentais e espirituais para Deus. A grande finalidade da oração e do jejum não é transformar a vontade de Deus, mas nos transformar. A purificação espiritual trazida pelo jejum e pela oração nos conduzem à caridade misericordiosa, ao dom da paz e à compaixão pelo sofrimento dos irmãos e irmãs ao nosso redor.
QUAIS OS EFEITOS DO JEJUM NO MUNDO ESPIRITUAL?
Ao jejuarmos e orarmos, fortalecemos o nosso espírito com um maior entendimento e maior força frente às tentações. Por que somos corpo, alma e espírito, com o jejum passamos a vigiar mais de perto nossos pensamentos, palavras, atitudes e reações. Somos fortalecidos no combate contra determinadas classes de demônios, conforme nos ensina o Próprio Jesus. As bênçãos de Deus, espirituais e físicas, encontram espaço para recair sobre nós com a proteção e os livramentos de muitos males e fortalecendo em nós a esperança.
No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina sobre o jejum. Ele se apresenta como o Noivo que desposa a Comunidade Igreja e convida todos a entrar em comunhão com Ele, o Deus conosco. A resposta de Jesus não desvaloriza nem anula a prática do jejum, pois o jejum conduz a Ele. Porém, mais importante do que o fazer jejum naquele momento era acolher Jesus, ali presente, bem como os seus ensinamentos de Salvação.
Portanto, para colocarmos em prática as reflexões dessa Procissão Penitencial, vamos assumir o propósito de um dia de jejum, durante a semana, lembrando-nos dos irmãos e irmãs que passam fome. Como fruto de nosso jejum, queremos reservar algum alimento para doarmos a uma família necessitada.